quinta-feira, 17 de abril de 2014

O Sermão das 07 palavras

“De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3,16.

Quis começar com essa passagem tão conhecida para falar de algumas Virtudes da Cruz de Cristo, que nós podemos hoje tomar posse.  Sexta-feira Santa a Igreja nos ensina a guardar o silêncio, pois o Senhor “dorme” está em repouso, e um texto antigo do terceiro século de um autor desconhecido diz que Cristo desceu a mansão dos mortos para resgatar  os fiéis antigos que esperavam este Dia Glorioso, e o primeiro deles foi Adão a quem o Senhor estendeu a mão para retirá-lo das trevas dizendo: “Desperta tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará” (cf. Efésios 5,14). Essa não é uma historinha, é um dogma de fé, que professamos do Creio, ‘desceu a mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia’. Cristo hoje quer e pode nos tirar de toda situação de morte em nossas vidas.

Olhando para o crucificado, para o lado aberto de Cristo, de onde jorraram sangue e água, a primeira Virtude da Cruz que Jesus nos dar é a Vida Eterna, “para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” O mundo tem nos apresentado uma pseudo vida, cheia de esforços para preencher o nosso coração, mas que não tem conseguido corresponder aos anseios de nossa alma, pois a nossa alma tem sede do eterno, do sagrado, tem sede de Deus, mesmo que você não de esse nome, você tem sede de Deus! Precisamos passar pelo lado aberto de Cristo toda nossa vida, para que daí possa nascer de novo para uma vida nova.

A Virtude da Esperança é outro dom extraordinário para os nossos tempos de desesperados, fala que não é verdade que hoje nós não sabemos esperar, não temos paciência, tudo tira a nossa calma, com facilidade perdemos a paciência e o humor. Falta-nos esperança porque nos falta Deus, a Esperança dos homens. Que nos ensina a paciência, nos ensina a esperar, a crer que “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus”.

A Virtude da Fé perpassa todo Mistério da Cruz, pois só podemos entender um Deus que oferece o seu filho único para morrer por um povo que não merece, se for pela fé. Deus deu o maior foto de credito no homem, só este gesto poderia e pode Salvar o mundo, que hoje vive sua maior crise de fé. “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu filho único”, essa é a maior de todas as Virtudes da Cruz: O AMOR. São João nos fala na sua primeira carta que Deus é Amor, é simples, mas essa é a essência de Deus, quem não ama não conhece a Deus, e hoje nós somos profundamente marcados pela falta de amor, pela violência, pelo ódio, como diante de tudo isso que nos apresenta um mundo sem Deus, acreditar que Deus é Amor.

É só olhar para o crucificado, e nele ver a prova mais expressiva do amor, aquele que é capaz de dar a Vida, quando daríamos a vida por um criminoso ou por um grande pecador? Pois Deus deu a vida por você por Amor. Essa força é a única capaz de mudar as pessoas, de mudar o mundo. Peçamos ao Senhor as Virtudes da Cruz, para que nós possamos viver e experimentar a Vida nova que Cristo conquistou com o seu sangue e sua morte na Cruz.

Para Deus conta mais a Qualidade da minha fidelidade do que a quantidade de minhas infidelidades!

A crucificação de Jesus Cristo é narrada nos quatro evangelhos, dando o quadro completo do sacrifício do Cordeiro de Deus pela Salvação do mundo (Lc. 23,33-49; Mt. 27,32-56; Mc 15,21-41; João 19,17-37). È uma tradição antiga da Igreja, dos grandes pregadores refletirem e mergulharem na espiritualidade das Sete Palavras de Cristo na Cruz. Hoje podemos nos prostrar diante do crucificado e beijando as Suas Santas Chagas receber os frutos desta santa devoção. Às três horas da tarde, nos diz os Evangelhos Jesus morre por amor de mim e de você, essa é a Hora da Misericórdia.

“Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu confio em Vós!” Dentro desta espiritualidade  rezemos com as sete últimas Palavras de Cristo na cruz, dando a vida por mim e por você:

I – Perdão:
I- “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem”. (Lc. 23,34)
1. Jesus se deixa crucificar pelos nossos pecados.
2. Jesus se deixa crucificar pelo perdão da humanidade.

II – Abertura do Céu:
“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43)
1-Jesus se deixa crucificar pela salvação dos perdidos. (Dimas o bom ladrão).
2-Jesus se deixa crucificar para nos abrir o caminho e as portas do céu.

III – Amor e Proteção:
“Mulher, eis ai o teu filho… Eis ai a tua mãe” (João 19, 26, 27)
1. Jesus se deixa crucificar por amor, para salvação do mundo.
2. Jesus recomenda sua mãe a João e João a sua mãe, proclamando a grande fraternidade da família de Deus a Igreja.

IV – Substituição:
“Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste”. (Mt 27,46) e (Mc 15,34)
1. Jesus se deixa crucificar no lugar dos pecadores, Ele se faz pecador. (II Cor. 5,21)
2. Jesus se esvazia da divindade, para dar aos pecadores a plenitude da Vida Eterna.

V – Sede de Redenção: “Tenho sede” (João 19,28)
1. Jesus morre de sede, para dar a Água da vida ao mundo.
2. Jesus anseia pelo mundo remido da sequidão do mal e do pecado.

VI – Consumação da Redenção: “Tudo está consumado” (João 19,30).
1. Jesus fica satisfeito ao ver consumada sua obra de redenção, sua Vitória sobre a morte.
2. Jesus contempla o mundo remido por sua morte, que traz a vida Missão cumprida.

VII – Entrega ao Pai: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46)
1. Jesus expira nas mãos do Pai, para ensinar a viver e morrer.
2. Jesus reina no mundo Espiritual, abrindo ao mundo o Reino da Vida Eterna.

O mundo tem sede de Deus, de beber do manancial da salvação, que é o Coração aberto de Jesus na Cruz. O sangue de Jesus Cristo nos lave de Todo o mal, de todo o pecado, e nos conceda a Vida, a saúde e a paz…

“Um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água”. (Jo 19,34).

Eterno Pai, eu vos ofereço o Corpo e o Sangue a Alma e a Divindade de Vosso diletíssimo Filho Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e dos pecados do mundo inteiro. Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.

(Pe. Luizinho – Canção Nova)

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