terça-feira, 24 de maio de 2011

Festa do Divino Espírito Santo

No dia 15 de maio, um domingo, recebemos em nossa casa o grupo de cantadores, um grupo que saem pelas casas com a bandeira do Divino para arrecadar prendas para a festa do Divino Espírito Santo. Eles entram nas casas passam a bandeira do Divino para o dono da casa, enquanto eles cantam. Foi um dia muito especial.
Mas, como surgiu a festa do Divino Espírito Santo?
A Festa do Divino é realizada sete semanas depois do Domingo de Páscoa, no dia de Pentecostes, para comemorar a descida do Espírito Santo sobre os doze apóstolos. Mas essa tradicional festa do folclore brasileiro é uma mistura de manifestações religiosas e profanas - isto é, sem caráter sagrado. 
A história da Festa do Divino


A origem da Festa do Divino se encontra em Portugal do século 14, com uma celebração estabelecida pela rainha Isabel (1271-1336) por ocasião da construção da igreja do Espírito Santo, na cidade de Alenquer. A devoção se difundiu rapidamente e tornou-se uma das mais intensas e populares em Portugal.

Por isso, chegou ao Brasil com os primeiros povoadores. Há documentos que atestam a realização da festa do Divino em diversas localidades brasileiras desde os séculos 17 e 18.

É o caso de uma carta do capelão João de Morais Navarro a Rodrigues Cezar de Menezes, então governador da Capitania de São Paulo, datada de 19 de maio de 1723, que se iniciava com as seguintes palavras: "Indo ter à festa do Santíssimo Espírito Sancto a Vila de Jundiahy " (em "Documentos Avulsos", publicação do Arquivo do Estado).
O Império do Divino


Originalmente, a Festa do Divino constituía-se do estabelecimento do Império do Divino, com palanques e coretos, onde se armava o assento do Imperador, uma criança ou adulto escolhido para presidir a festa, que gozava de poderes de rei. Tinha o direito, inclusive, de ordenar a libertação dos presos comuns, em certas localidades do Brasil e de Portugal.

Para arrecadar os recursos de organização da festa, fazia-se antecipadamente a Folia do Divino: grupos de cantadores visitavam as casas dos fiéis para pedir donativos e todo tipo de auxílio. Levavam com eles a Bandeira do Divino, ilustrada pela Pomba que simboliza o Espírito Santo e recebida com grande devoção em toda a parte. Essas Folias percorriam grandes regiões, se estendendo por semanas ou meses inteiros.

Para se ter uma ideia do prestígio da Festa do Divino no século 19, o folclorista Câmara Cascudo lembra que o título de "imperador do Brasil" foi escolhido em 1822, pelo ministro José Bonifácio, porque o povo estava mais habituado com o título de imperador (do Divino) do que com o nome de rei.
A Festa do Divino atual


A tradição da Festa do Divino se mantém viva ainda hoje em vários Estados brasileiros. Em Pirenópolis, Goiás, ela é uma mescla de várias manifestações folclóricas. Além das cavalhadas, representando as batalhas entre mouros e cristãos, há a alvorada, os mascarados e representação teatral. Na parte religiosa da festa, há novenas, missas e procissões.

Em Alcântara, no Maranhão, a tradição do Divino é revivida com a presença de cerca de 100 mil pessoas. Além da corte imperial, os participantes representam personagens do Brasil colonial. Pela tradição, o imperador prende alguém antes da festa, acusando-o de provocar desordem. Durante os festejos, ocorrem o levantamento de mastro, missas e cortejo.

Em São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul, a festa veio com os colonizadores luso-açorianos. Como em outras cidades, há novenas, baile, procissão, apresentações artísticas e a missa matinal com a bênção dos alimentos.

Em Diamantina, Minas Gerais, os festejos incluem cortejo com participantes em trajes de época do império, alvorada, missa e espetáculo de fogos de artifício. Em vários municípios da Bahia, as comemorações se estendem por dez dias, em fins de maio, com desfecho no domingo de Pentecostes.