“De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho
único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João
3,16.
Quis começar com essa passagem tão conhecida para falar
de algumas Virtudes da Cruz de Cristo, que nós podemos hoje tomar posse. Sexta-feira Santa a Igreja nos ensina a
guardar o silêncio, pois o Senhor “dorme” está em repouso, e um texto antigo do
terceiro século de um autor desconhecido diz que Cristo desceu a mansão dos
mortos para resgatar os fiéis antigos
que esperavam este Dia Glorioso, e o primeiro deles foi Adão a quem o Senhor
estendeu a mão para retirá-lo das trevas dizendo: “Desperta tu que dormes,
levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará” (cf. Efésios 5,14). Essa
não é uma historinha, é um dogma de fé, que professamos do Creio, ‘desceu a
mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia’. Cristo hoje quer e pode nos
tirar de toda situação de morte em nossas vidas.
Olhando para o crucificado, para o lado aberto de Cristo,
de onde jorraram sangue e água, a primeira Virtude da Cruz que Jesus nos dar é
a Vida Eterna, “para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida
eterna.” O mundo tem nos apresentado uma pseudo vida, cheia de esforços para
preencher o nosso coração, mas que não tem conseguido corresponder aos anseios
de nossa alma, pois a nossa alma tem sede do eterno, do sagrado, tem sede de
Deus, mesmo que você não de esse nome, você tem sede de Deus! Precisamos passar
pelo lado aberto de Cristo toda nossa vida, para que daí possa nascer de novo
para uma vida nova.
A Virtude da Esperança é outro dom extraordinário para os
nossos tempos de desesperados, fala que não é verdade que hoje nós não sabemos
esperar, não temos paciência, tudo tira a nossa calma, com facilidade perdemos
a paciência e o humor. Falta-nos esperança porque nos falta Deus, a Esperança
dos homens. Que nos ensina a paciência, nos ensina a esperar, a crer que “tudo
concorre para o bem daqueles que amam a Deus”.
A Virtude da Fé perpassa todo Mistério da Cruz, pois só
podemos entender um Deus que oferece o seu filho único para morrer por um povo
que não merece, se for pela fé. Deus deu o maior foto de credito no homem, só
este gesto poderia e pode Salvar o mundo, que hoje vive sua maior crise de fé.
“Deus amou tanto o mundo, que deu o seu filho único”, essa é a maior de todas
as Virtudes da Cruz: O AMOR. São João nos fala na sua primeira carta que Deus é
Amor, é simples, mas essa é a essência de Deus, quem não ama não conhece a
Deus, e hoje nós somos profundamente marcados pela falta de amor, pela
violência, pelo ódio, como diante de tudo isso que nos apresenta um mundo sem
Deus, acreditar que Deus é Amor.
É só olhar para o crucificado, e nele ver a prova mais
expressiva do amor, aquele que é capaz de dar a Vida, quando daríamos a vida
por um criminoso ou por um grande pecador? Pois Deus deu a vida por você por
Amor. Essa força é a única capaz de mudar as pessoas, de mudar o mundo. Peçamos
ao Senhor as Virtudes da Cruz, para que nós possamos viver e experimentar a
Vida nova que Cristo conquistou com o seu sangue e sua morte na Cruz.
Para Deus conta mais a Qualidade da minha fidelidade do
que a quantidade de minhas infidelidades!
A crucificação de Jesus Cristo é narrada nos quatro
evangelhos, dando o quadro completo do sacrifício do Cordeiro de Deus pela
Salvação do mundo (Lc. 23,33-49; Mt. 27,32-56; Mc 15,21-41; João 19,17-37). È
uma tradição antiga da Igreja, dos grandes pregadores refletirem e mergulharem
na espiritualidade das Sete Palavras de Cristo na Cruz. Hoje podemos nos
prostrar diante do crucificado e beijando as Suas Santas Chagas receber os
frutos desta santa devoção. Às três horas da tarde, nos diz os Evangelhos Jesus
morre por amor de mim e de você, essa é a Hora da Misericórdia.
“Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como
fonte de misericórdia para nós, eu confio em Vós!” Dentro desta
espiritualidade rezemos com as sete
últimas Palavras de Cristo na cruz, dando a vida por mim e por você:
I – Perdão:
I- “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem”. (Lc.
23,34)
1. Jesus se deixa crucificar pelos nossos pecados.
2. Jesus se deixa crucificar pelo perdão da humanidade.
II – Abertura do Céu:
“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”
(Lc 23,43)
1-Jesus se deixa crucificar pela salvação dos perdidos.
(Dimas o bom ladrão).
2-Jesus se deixa crucificar para nos abrir o caminho e as
portas do céu.
III – Amor e Proteção:
“Mulher, eis ai o teu filho… Eis ai a tua mãe” (João 19,
26, 27)
1. Jesus se deixa crucificar por amor, para salvação do
mundo.
2. Jesus recomenda sua mãe a João e João a sua mãe,
proclamando a grande fraternidade da família de Deus a Igreja.
IV – Substituição:
“Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste”. (Mt 27,46) e
(Mc 15,34)
1. Jesus se deixa crucificar no lugar dos pecadores, Ele
se faz pecador. (II Cor. 5,21)
2. Jesus se esvazia da divindade, para dar aos pecadores
a plenitude da Vida Eterna.
V – Sede de Redenção: “Tenho sede” (João 19,28)
1. Jesus morre de sede, para dar a Água da vida ao mundo.
2. Jesus anseia pelo mundo remido da sequidão do mal e do
pecado.
VI – Consumação da Redenção: “Tudo está consumado” (João
19,30).
1. Jesus fica satisfeito ao ver consumada sua obra de
redenção, sua Vitória sobre a morte.
2. Jesus contempla o mundo remido por sua morte, que traz
a vida Missão cumprida.
VII – Entrega ao Pai: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito” (Lc 23,46)
1. Jesus expira nas mãos do Pai, para ensinar a viver e
morrer.
2. Jesus reina no mundo Espiritual, abrindo ao mundo o
Reino da Vida Eterna.
O mundo tem sede de Deus, de beber do manancial da
salvação, que é o Coração aberto de Jesus na Cruz. O sangue de Jesus Cristo nos
lave de Todo o mal, de todo o pecado, e nos conceda a Vida, a saúde e a paz…
“Um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e,
imediatamente, saiu sangue e água”. (Jo 19,34).
Eterno Pai, eu vos ofereço o Corpo e o Sangue a Alma e a
Divindade de Vosso diletíssimo Filho Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos
nossos pecados e dos pecados do mundo inteiro. Pela Sua dolorosa Paixão, tende
misericórdia de nós e do mundo inteiro.
(Pe. Luizinho – Canção Nova)